
Chegado a Timor e volvido um mês da minha permanência nestas terras, chegou-me às mãos por cortesia de um colega o livro a “Ilha das Trevas” do conceituado José Rodrigues dos Santos o já apelidado Dan Brown lusitano.
Devo confessar que já não me recordava de um livro me marcar de uma forma tão intensa e profunda, por isso literalmente o “devorei” em 3 dias!
É um facto que reconheço que estou” in loco “ onde maior parte de toda a acção se desenrola e isso permite-me situar espacialmente as descrições feitas no livro e funcionar como ponto de interesse. Mas ao fim de 4 meses de permanência em Timor e de toda a informação que colhi com os locais e toda interacção diária com a população, tenho de concluir que apesar de ficção, o livro é um precioso registo histórico, intenso e dilacerante de uma família na época da ocupação indonésia, mas que em nada exagera o que de vergonhoso aqui se passou durante anos perante a passividade de todas as organizações mundiais!

Tomei também consciência do envolvimento profundo e determinante de certos Políticos portugueses (pelos quais confesso não nutro grande simpatia).
Iniciei a leitura do livro na praia da Areia Branca que dista a cerca de 3km do centro de Díli e
desde logo fiquei fascinado quando faz referência á Ilha de Atauro (que faz parte do território de Timor) e bastou-me levantar os olhos para ver no Horizonte a imponente ilha escarpada que mesmo durante a noite é possível contemplar devido á sua proximidade…a partir desse momento embebi-me no Livro de uma forma profunda!

Tudo em Timor está igual, as montanhas, o farol onde foram executadas dezenas de pessoas pessoas a tiro de metralhadora, nos primeiros dias da ocupação, a estrada de Cômoro, cemitério de Santa Cruz, mercado de Tibesse, o Hotel Timor, o Hotel Tropical (onde passei 3 noites e onde vim a saber que era um Quartel General da Policia militar indonésia, onde eram feitos interrogatórios e torturavam suspeitos da resistência). Só de imaginar que teria dormido num local onde tais atrocidades, tinham tido lugar, fiquei com um semblante soturno durante horas! Fala-se que certas pessoas que num passado próximo se hospedaram City Café Hotel ( por sua vez um hotel próximo do anterior descrito, com reputação de ter sido palco de chacina indonésio) não conseguiram dormir durante varias noites, como se o hotel estivesse assombrado, tendo por sua vez que mudar de local!
Em Timor nada mudou!
Timor parece parado no Tempo! As pessoas os lugares a memoria de um passado violento... O livro apesar de ser ficção e um retrato exacto das atrocidades cometidas nesta “ilha das Trevas” , ajuda-nos a entender, de certa forma os acontecimentos num passado recente de um povo que vagueia em busca de uma identidade...
Aconselho vivamente a leitura deste livro o qual plagiei o nome para atribuir ao Blogue, porque de facto a sua leitura teve em mim um impacto surpreendentemente intenso...
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