BALI A ILHA DOS DEUSES ….

Volvidos 72 dias após a minha chegada, tive o descanso merecido 10 dias em Bali a apelidada Ilha dos Deuses.

A viagem entre Díli e Bali demora cerca de duas horas e apesar de ser territorio Indonésio, um dos países com maior expressão islâmica, Bali vai de encontro a tudo isso...

A ilha pulsa em torno do Turismo, tudo o que o turista pode desejar existe em Bali …A paz das montanhas e dos campos de arroz, a selva tropical, os templos para culto, praias calmas e praticamente desertas, Centro Comerciais Elitistas...

A arquitectura em Bali é reconhecida e a grande maioria inspirada nos templos, os pormenores e os detalhes são uma constante.
Em Kuta onde fiquei os primeiros dias é um frenesim de pessoas, motas, a praia é um “hot spot” para a prática de surf e tem imensos restaurantes, bares de diversão nocturna assim como a famosa “Legian Street” que se estende por kms com lojas que em alguns casos vendem uma contrafacção quase perfeita!
.

Foi em Kuta que há alguns anos ouve um atentado bombista que vitimou mais de duzentos turistas que se encontravam num clube nocturno e abalou a economia da ilha. A sua grande maioria era australiana e apenas um militar português tem o nome inscrito num memorial construído próximo do local!

.

Por esse facto actualmente todos os hotéis têm segurança, revistam viaturas e em alguns bares encontram-se polícias na entrada de metralhadora a fazer segurança.
Os turistas são aliciados na rua para entrar nos bares devido ao seu poder de compra os balineses em alguns bares são barrados á porta e cobram-lhe consumo mínimo...Não tem conta em dez dias as vezes que foi abordado na rua “ hei Boss” You need a taxi ? T shirt ... watch ..a massage ....etc etc

A praia tem ondas perfeitas para a pratica de surf e há uma hibridez imensa de turistas de todos os cantos do mundo !

O dólar americano e o euro é moeda forte, portanto para terem uma referência ao cambiar 100 US dólares, recebi um maço de notas de 1milhão e cem mil rupias! Consegue-se um hotel 4 estrelas com piscina etc por 30 euros por noite, uma refeição em restaurante standart pode custar 5 US Dol , outros existem mais luxuosos, mas comparativamente com o nosso Algarve digamos que os preços serão 5 vezes mais inferiores ....

.
As famosas “villas” também, abundam onde o conforto a privacidade e requintes luxuosos são pontos chave pra o seu sucesso e torna-se comum alguns Autralianos e outros estrangeiros fixarem-se nesta ilha ....
E minha vontade voltar novamente a Bali , mas com a intenção de conhecer a parte cultural, assim como o interior da ilha que não será menos interessante .....

O Livro…

Anjos de cara suja...

Chegado a Timor e volvido um mês da minha permanência nestas terras, chegou-me às mãos por cortesia de um colega o livro a “Ilha das Trevas” do conceituado José Rodrigues dos Santos o já apelidado Dan Brown lusitano.

Devo confessar que já não me recordava de um livro me marcar de uma forma tão intensa e profunda, por isso literalmente o “devorei” em 3 dias!
É um facto que reconheço que estou” in loco “ onde maior parte de toda a acção se desenrola e isso permite-me situar espacialmente as descrições feitas no livro e funcionar como ponto de interesse. Mas ao fim de 4 meses de permanência em Timor e de toda a informação que colhi com os locais e toda interacção diária com a população, tenho de concluir que apesar de ficção, o livro é um precioso registo histórico, intenso e dilacerante de uma família na época da ocupação indonésia, mas que em nada exagera o que de vergonhoso aqui se passou durante anos perante a passividade de todas as organizações mundiais!

Tomei também consciência do envolvimento profundo e determinante de certos Políticos portugueses (pelos quais confesso não nutro grande simpatia).

Iniciei a leitura do livro na praia da Areia Branca que dista a cerca de 3km do centro de Díli e desde logo fiquei fascinado quando faz referência á Ilha de Atauro (que faz parte do território de Timor) e bastou-me levantar os olhos para ver no Horizonte a imponente ilha escarpada que mesmo durante a noite é possível contemplar devido á sua proximidade…a partir desse momento embebi-me no Livro de uma forma profunda!

Tudo em Timor está igual, as montanhas, o farol onde foram executadas dezenas de pessoas pessoas a tiro de metralhadora, nos primeiros dias da ocupação, a estrada de Cômoro, cemitério de Santa Cruz, mercado de Tibesse, o Hotel Timor, o Hotel Tropical (onde passei 3 noites e onde vim a saber que era um Quartel General da Policia militar indonésia, onde eram feitos interrogatórios e torturavam suspeitos da resistência). Só de imaginar que teria dormido num local onde tais atrocidades, tinham tido lugar, fiquei com um semblante soturno durante horas! Fala-se que certas pessoas que num passado próximo se hospedaram City Café Hotel ( por sua vez um hotel próximo do anterior descrito, com reputação de ter sido palco de chacina indonésio) não conseguiram dormir durante varias noites, como se o hotel estivesse assombrado, tendo por sua vez que mudar de local!

Em Timor nada mudou!

Timor parece parado no Tempo! As pessoas os lugares a memoria de um passado violento... O livro apesar de ser ficção e um retrato exacto das atrocidades cometidas nesta “ilha das Trevas” , ajuda-nos a entender, de certa forma os acontecimentos num passado recente de um povo que vagueia em busca de uma identidade...

Aconselho vivamente a leitura deste livro o qual plagiei o nome para atribuir ao Blogue, porque de facto a sua leitura teve em mim um impacto surpreendentemente intenso...

A caçada ….

Devido á grande quantidade de animais que vagueiam pela cidade, aos acidentes que estes podem provocar e também a ameaça da “gripe suína” os órgãos administrativos da cidade de Díli decidiram que nenhum animal pode andar na rua se não estiver preso na pastagem ou junto às casas!

Ouvi histórias de uma porca que decidiu dar á luz no meio da via publica em frente ao Hotel Timor e durante um dia o trânsito começou a circular em forma de rotunda á sua volta, enquanto ela deitada no solo com a maior descontracção cuidava dos seus leitões recém-nascidos.

Para fazer face ao incumprimento desta lei, duas vezes por mês um grupo de cerca de 12 funcionários do Díli Saneamento percorrem a cidade de lanças na mão num camião.Ao avistarem um animal (geralmente os porcos, que mais parecem javalis) saltam em êxtase da carroçaria do camião á boa maneira paleolítica e perseguem o animal pela cidade até o encurralarem e atingirem mortalmente com as lanças…

É impressionante a velocidade que os animais atingem quando se sentem encurralados, mas não menos impressionante a perícia com os “caçadores” os atingem em movimento …
É patente nos seus rostos o regozijo que esboçam sempre que o “alvo” é atingido! E chegam mesmo a fazer apostas de quem consegue mais troféus.

Os animais abatidos são á posteriori entregues a orfanatos e instituições de solidariedade.
Devido a prática destas “caçadas” causarem algum descontentamento na população, porque estes animais fazem parte do seu sustento e sobrevivência, os “caçadores” são sempre acompanhados pela polícia para evitar qualquer tipo de confronto…